
Metodologia de Cálculo de Carbono
Entenda a base científica e as referências técnicas que sustentam o cálculo de emissões e estoques de carbono da Ecofix Natural Capital.
Introdução
A metodologia adotada segue diretrizes internacionais amplamente reconhecidas, como as IPCC Guidelines, além de referências nacionais (EMBRAPA, inventários e estatísticas oficiais). O objetivo é garantir rastreabilidade, consistência e precisão no cálculo de emissões de GEE e na estimativa de estoques de carbono em contextos agropecuários brasileiros.
O documento técnico detalha premissas, fatores de emissão, parâmetros regionais e equações utilizadas, assegurando transparência e verificabilidade dos resultados reportados pela plataforma.
Abordagem metodológica
Escopo 1 — Emissões Diretas
Referem-se às emissões provenientes de fontes que pertencem ou são controladas pela organização.
Subcategorias
- Fontes Mecânicas: Resultam da queima de combustíveis fósseis em máquinas, colheitadeiras e caminhões.
- Fontes Não Mecânicas: Decorrentes de processos biogênicos, como decomposição de matéria orgânica e uso de fertilizantes nitrogenados.
- Mudança de Uso do Solo: Emissões oriundas da supressão de vegetação nativa para fins agropecuários.
Escopo 2 — Emissões Indiretas por Energia
Correspondem às emissões associadas à compra e consumo de energia elétrica ou térmica. Também obrigatórias no inventário.
Escopo 3 — Outras Emissões Indiretas
Compreendem todas as demais emissões não incluídas nos Escopos 1 e 2, mas relacionadas à cadeia de valor (montante e jusante).
Componentes de cálculo
Cada componente abaixo é detalhado conforme o documento técnico, com descrição e equação básica.
Fertilizantes
Cálculo para Fertilizantes
Este cálculo estima as emissões diretas de óxido nitroso (N₂O) provenientes da adubação nitrogenada, tanto ureia quanto outros fertilizantes sintéticos ou orgânicos. Utilizam-se Fatores de Emissão Tier 2, ajustados à fração de nitrogênio volatilizada no solo. Essa abordagem garante maior precisão, refletindo as condições específicas do manejo e do tipo de solo da propriedade.
Combustíveis (Diesel)
Cálculo da Emissão por Combustível Diesel
As emissões de dióxido de carbono (CO₂) geradas pelo consumo de diesel em máquinas e veículos agrícolas são classificadas no Escopo 1, pois ocorrem de forma direta na propriedade. O cálculo utiliza uma metodologia Tier 1, em que se estima a quantidade de CO₂ emitida durante a combustão.
Culturas
As emissões associadas às culturas agrícolas decorrem da decomposição dos resíduos de colheita, liberando óxido nitroso (N₂O) para a atmosfera. O método segue uma abordagem Tier 2, considerando os teores de nitrogênio e de matéria seca específicos de cada cultura. Dessa forma, é possível estimar com precisão o impacto de diferentes tipos de palhada ou resíduos sobre as emissões do solo.
Corretivos
O uso de calcário (carbonato de cálcio ou dolomítico) na correção do solo resulta na liberação de dióxido de carbono (CO₂) durante o processo de neutralização da acidez. A metodologia adotada é de Tier 1; esse cálculo permite estimar de forma direta o impacto da calagem sobre o balanço de emissões da propriedade.
Gado de corte
As emissões geradas pela atividade pecuária são provenientes de dois processos principais: fermentação entérica (CH₄) e dejetos em pastagem (N₂O). O cálculo utiliza Fatores de Emissão Tier 2, diferenciados por categoria animal, estado fisiológico, gênero e peso vivo médio, assegurando maior representatividade das condições locais.
Controle químico
As emissões relacionadas ao uso de agrotóxicos e defensivos agrícolas são enquadradas no Escopo 1. O cálculo baseia-se no consumo declarado de insumos e nos fatores médios de emissão por tipo de produto.
Desmatamento (Mudança de uso do solo)
As emissões de CO₂ decorrentes da conversão de áreas com vegetação nativa para outros usos (como pastagem ou cultura agrícola) são contabilizadas no Escopo 1. É possível estimar a perda de estoque de carbono da biomassa viva, refletindo o impacto direto da mudança no uso do solo.
Vegetação nativa
O estoque de carbono da vegetação nativa é determinado com base em fatores de biomassa acima e abaixo do solo, específicos por bioma. Esse cálculo estabelece o estoque inicial de referência, essencial para avaliar perdas ou ganhos de carbono ao longo do tempo. A metodologia segue as diretrizes do IPCC, com parâmetros nacionais (EMBRAPA), utilizando dados Tier 2.
Pastagem
Cálculo do Estoque de Carbono da Pastagem
A avaliação do estoque de carbono em pastagens considera o nível de manejo (degradada, moderada ou bem manejada) e os respectivos fatores de carbono. Esse cálculo é utilizado para estimar tanto o estoque atual quanto o potencial de remoção de carbono do solo em sistemas bem manejados. Os valores são baseados em metodologias Tier 1 e Tier 2, conforme disponível para cada região.
Energia
Cálculo da Emissão por Energia
Este cálculo quantifica as emissões indiretas de CO₂ resultantes do consumo de eletricidade comprada (Escopo 2). Utiliza o método de Fatores de Emissão (FE) Variáveis Mensais (Tier 2), refletindo as mudanças na matriz elétrica brasileira ao longo do ano.
Equações e fatores de emissão
As equações e fatores utilizados seguem as orientações oficiais do IPCC, com parametrizações e referências complementares da EMBRAPA e demais fontes nacionais, adequadas às condições brasileiras.
Fontes e referências
- IPCC 2006 Guidelines (e atualizações relevantes)
- EMBRAPA – publicações e fatores de emissão nacionais
- MapBiomas – dados de uso e cobertura da terra
- IBGE – estatísticas agropecuárias
- SICAR – Cadastro Ambiental Rural
- Inventários e relatórios setoriais nacionais
